A criança, que tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) e altas habilidades, geralmente, reage com uma forte irritação. Expressa frustração, chora, fica tensa. Para muitos, pode parecer "drama" ou "birra". Mas não é. E foi exatamente o que aconteceu com ela.
É um sinal claro de como os jogos revelam mais do que habilidades cognitivas: eles escancaram o nosso mundo emocional.
Por que os jogos pedagógicos são tão poderosos?
Jogos como Jenga, dominó, quebra-cabeças ou jogos de tabuleiro são ferramentas incríveis para educar além dos conteúdos escolares. Eles tocam áreas fundamentais do desenvolvimento infantil, como:
- Atenção e foco
Jogar exige concentração. A criança aprende a observar, esperar sua vez, prestar atenção nas regras e nos detalhes.
- Coordenação motora
Jogos com peças pequenas, como Jenga, estimulam a coordenação motora fina, o controle dos movimentos e a percepção espacial.
- Tomada de decisão e pensamento estratégico
A criança precisa planejar, testar hipóteses, lidar com o risco e com o inesperado.
- Tolerância à frustração
E talvez o mais importante: jogos ensinam que errar faz parte, que perder acontece, e que sempre é possível tentar de novo.
Quando lidamos com uma criança neurodivergente, especialmente com dupla excepcionalidade (TEA + superdotação), o jogo assume uma camada a mais de desafio.
Essas crianças costumam ter um pensamento lógico muito avançado, alta expectativa de desempenho e, ao mesmo tempo, podem ter mais dificuldade para lidar com as emoções intensas.
👉 Quando a torre cai, o que desmorona não é só o jogo — é a sensação de falha, o medo de não ser bom o suficiente, a perda do controle.
👉 E é nesse momento que o adulto entra como ponte de apoio emocional: para acolher, nomear sentimentos, ensinar a respirar, tentar de novo com leveza.
- Escolha jogos adequados à idade e ao perfil da criança.
Nem muito fáceis, nem difíceis demais. O ideal é que desafiem sem frustrar logo no início.
- Brinque junto!
O momento do jogo é também momento de vínculo. A criança aprende observando como o adulto lida com o erro, a espera e a superação.
- Valide o esforço, não só o resultado.
Diga coisas como: "Você pensou bem", "Quase conseguiu!", "Vamos tentar de novo?"
- Use o jogo para conversar sobre sentimentos.
“Como você se sentiu quando a torre caiu?”, “Ficou com raiva? O que ajuda quando a gente sente isso?”
- Celebre a persistência.
Jogar várias vezes, com paciência, é um exercício poderoso de crescimento emocional.
Quando entendemos o valor pedagógico e emocional dos jogos, passamos a enxergar esses momentos de frustração não como problema — mas como oportunidade de ensinar algo essencial: que errar faz parte do caminho, e que com amor, tudo pode ser reconstruído — até uma torre de Jenga.
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Um abraço!